segunda-feira, 4 de julho de 2016

é hora

Estamos afundando. Sinto você segurar minhas mãos com força, mas não conseguimos mais subir. Mesmo que a vontade de subir prevaleça, estamos cada vez mais distante. Eu tento te dizer o que fazer, mas a cada instante a água cobre um pouco mais. Não conseguimos parar. Chegamos em um momento que tudo que nos resta é somente abandonar o barco. Deixar de lado todas as conquistas e construções que tivemos e tentar nadar. Tentar fugir, tentar ir para o mais longe disso tudo. A água me consome, nos consome. Não há nada que possa modificar. Nem sua força de vontade, nem meus planos. O que um dia foi um barco, hoje não passa de um pedaço de madeira que não tem mais força para se erguer. É hora de sair, querido. Quem sabe em outro dia, num outro momento, volte a ver a superfície. Hoje não. Hoje não dá mais. Vamos procurar novos barcos e espero que você me entenda quando eu pular. Espero que você perceba que é o melhor a se fazer. Em algum momento fomos um. Hoje não mais. Hoje somos dois e eu preciso procurar um abrigo seguro e espero que você consiga também. É hora de nadar em outra direção.


Até logo.  




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